Alongamento Ósseo

O que é o Alongamento ósseo?

É o processo capaz de gradualmente promover o crescimento dos ossos. Trata-se necessariamente de procedimento cirúrgico. Não há exercício ou atividade de fisioterapia que promova diretamente o Alongamento Ósseo.

Quando é realizado o alongamento ósseo? Para quais pacientes ele é indicado?

O Alongamento Ósseo está indicado em pacientes que possuam deformidades e diferença de comprimento entre os membros. Diversas condições
podem levar a essas alterações:

– Fraturas
– Doenças Congênitas
– Infecções Ósseas (Osteomielite)
– Tumores Ósseos

Quais ossos podem ser alongados?

Mais frequentemente, se faz alongamento nos ossos longos dos membros inferiores (Fêmur e Tíbia), já que esses são os principais responsáveis pelo comprimento final e, consequentemente, pelas assimetrias. No entanto, é possível alongar também os Metatarsos nos pés, em casos de Braquimetatarsia, e também o Úmero, osso do Braço, em casos de Nanismo / Acondroplasia.

Como funciona a cirurgia? O paciente já sai como o osso alongado?

Não. Durante a cirurgia o que podemos fazer agudamente são algumas correções de deformidades angulares e rotacionais. No entanto, o Alongamento Ósseo precisa ocorrer gradualmente. O procedimento consiste da colocação de um dispositivo alongador (Fixador Externo ou Haste Intramedular), que iniciará o alongamento progressivo após 10 dias, no ritmo de 1 milímetro por dia.

Quais os tipos de fixador externo?

Existem muitos modelos e fabricantes diferentes de Fixador Externo, que podem ser usados para diversas funções. Dentre elas:

– Tratamento de Fraturas                                           – Correção de deformidades Ósseas
– Infecção Óssea (Osteomielite)                                – Alongamento Ósseo.

Para a realização do alongamento, utilizamos dois tipos principais de aparelhos: Monolaterais e Circulares. Os Monolaterias são dispositivos retilíneos, que ficam localizados em um dos lados do Osso a ser tratado, permitindo a realização do alongamento em linha com o aparelho. De uma forma geral, são mais confortáveis quando comparado aos Fixadores Circulares. Estes últimos são compostos de anéis e barras que os conectam. São posicionados ao redor do Osso que será alongado. Possuem grande versatilidade, contribuindo não somente com o alongamento, mas também com a possibilidade de correção de deformidades leves e graves. São também chamados de Fixador llizarov, em alusão ao grande Dr. Gavriil Ilizarov, médico soviético, criador da técnica de Alongamento Ósseo e do primeiro modelo de Fixador Externo Circular, na década de 1950.

Fixador Externo Monolateral

alongamento osseo


Fixador Externo Circular

 

Por quanto tempo é necessário ficar com o Fixador externo?

O tempo de permanência do Fixador Externo pode variar bastante entre os pacientes, de acordo com diversos fatores, entre eles:

  • – Técnica cirúrgica utilizada
  • – Causa inicial do encurtamento do Osso
  • – Doenças associadas
  • – Hábitos alimentares
  • – Distúrbios Hormonais
  • – Idade
  • – Quantidade de alongamento necessário

Este último, é considerado um dos mais importantes. Quanto maior o alongamento, maior será o tempo necessário de uso do Fixador Externo. Existe um cálculo, que prevê de maneira aproximada, esse tempo de tratamento.

Tempo de Fixador Externo =  35 x (quantidade de centímetro alongados)

Exemplo: Em um paciente que tenha encurtamento de um dos membros e necessite realizar alongamento de 4 centímetros, calculamos da seguinte maneira:

Tempo de Fixador externo = 35 x 4 = 140 dias

No entanto, em algumas circunstâncias, podemos lançar mão de dispositivos internos (Hastes Intramedulares/Placas Bloqueadas) em associação ao Fixador Externo. Nestes casos, conseguimos reduzir o tempo a aproximadamente 35% do que seria necessário, caso fosse utilizado somente o aparelho externamente. 

No exemplo citado, se realizarmos um alongamento de 4 cm com auxílio de Haste Intramedular, o paciente permanece com o Fixador Externo por aproximadamente 50 dias.

 

Alongamento Ósseo sobre Haste

Quantos centímetros é possível alongar?

O quanto poderá ser alongado também varia bastante entre os pacientes, de acordo com alguns fatores:

  • – Técnica cirúrgica utilizada
  • – Causa inicial do encurtamento do osso
  • – Doenças associadas
  • – Hábitos alimentares
  • – Distúrbios Hormonais
  • – Idade
  • – Eficiência da Fisioterapia durante o tratamento


Não existe um resposta exata para essa pergunta, já que tantas questões podem interferir positiva e negativamente. Durante o processo, são examinados situações como qualidade óssea no Raio-X, sintomas apresentados pelo paciente, mobilidade das articulações do membro operado, força muscular, etc. De acordo com esses sinais, o médico responsável pode decidir se é possível seguir o alongamento ou interromper. 

De uma forma geral, se não houver complicação, conseguimos alongar 5/6 cm por cirurgia. 

Caso o paciente necessite de alongamento superior ao alcançado no primeiro procedimento, pode-se repetí-lo tempos depois.

Como saber o quanto alongar em um criança, já que ela continuará crescendo e a diferença de comprimento entre os membros pode variar até chegar a vida adulta?

Existe uma formula matemática (Método Multipier – Dror Paley ) que calcula quanto será a diferença de comprimento entre os membros da criança ao final da fase de crescimento. Sendo assim, conseguimos saber quantos centímetros necessitamos alongar para que a discrepância esteja corrigida ao final da infância. 

Isso é importante, para que a equipe médica e a família possam planejar quantas cirurgias serão necessárias para concluir o tratamento.

Durante esse período com o fixador externo o paciente fica de cadeira de rodas, sem andar ou pode se locomover de alguma maneira?

Durante o processo de Alongamento Ósseo é importante que o paciente se locomova o mais próximo do normal possível. Nosso objetivo é que consiga sair do leito e andar, com ajuda de muletas, antes do 5˚ dia de pós operatório.

Isso é importante não somente para facilitar o deslocamento e execução de atividades diárias, melhorando o conforto e tolerância ao tratamento, mas também para estimular o crescimento do osso. 

A movimentação e realização de carga com o membro operado estimula a formação óssea e o crescimento do mesmo de maneira mais forte e resistente.

Paciente submetido a Alongamento Ósseo de Fêmur e Tíbia, andando durante o tratamento

Quais os principais problemas que o paciente pode ter após o alongamento ósseo ?

Durante e após o processo de Alongamento Ósseo é frequente o aparecimento de algum grau de fraqueza muscular e restrição de mobilidade das articulações do membro operado.

Para evitar tais questões, é fundamental a realização de Fisioterapia desde o primeiro dia após o procedimento, e manter durante todo o processo.

Existe alguma forma de acelerar o processo com medicação ou alimento?

Diversos estudos demonstram os malefícios do consumo de Álcool e Fumo no pós operatório. Dessa maneira, tal prática deve ser interrompida antes da cirurgia.   

Manutenção de hábitos alimentares saudáveis, com fontes ricas em Cálcio (Leite e seus derivados) é fator importante. Além disso, a reposição de Cálcio e Vitamina D pode ser necessária para pacientes que não possuem níveis considerados normais. 

Algumas medicações habitualmente usadas no tratamento de Osteoporose e Anabolizantes esteróides podem ser úteis em casos selecionados.

OBS: Nunca tome medicações por conta própria. Siga o tratamento exatamente como recomendado pelo seu Médico.

Existe alguma técnica cirúrgica que encurta o tempo de fixador externo?

Em algumas circunstâncias, podemos lançar mão de dispositivos internos (Hastes Intramedulares/Placas Bloqueadas) em associação ao Fixador Externo. Nestes casos, conseguimos reduzir o tempo a aproximadamente 35% do que seria necessário, caso fosse utilizado somente o aparelho externamente.

Nestes casos, chamamos de Alongamento sobre Haste Intramedular e Alongamento sobre Placa.

É normal sair algum líquido pelos pinos do Fixador Externo?

Os pontos onde estão inseridos os pinos são regiões com micro feridas na pele. Sendo assim, pode haver eliminação de pequena quantidade de líquido, amarelo claro, sem odor.

No entanto, se houver secreção em grande volume, espessa, com odor desagradável e acompanhada de dor e vermelhidão no local, pode se tratar de infecção no local.

Nesses casos, deve procurar atendimento médico imediatamente.

Como é o tratamento em casos de infecção nos pinos do Fixador Externo?

O tratamento da infecção no trajeto dos pinos do Fixador Externo pode variar bastante entre os pacientes. Fatores como profundidade da infecção, tempo de uso do fixador externo, número de pinos acometidos e sinais sistêmicos de infecção podem interferir na decisão. 

Na maioria dos casos, a infecção é superficial e pode ser tratada intensificando os cuidados de higiene local e uso de medicações antibióticas orais e tópicos (pomada ou creme).

Em situações de maior gravidade, pode ser necessário terapia antibiótica venosa, com internação hospitalar e até mesmo a retirada do pino infeccionado e substituição por outro em região livre de infecção.

Como é a retirada do Fixador Externo?

A retirada do aparelho é bastante simples, mas pode ser dolorosa se realizada sem anestesia. Sendo assim, realizamos em ambiente hospitalar, no centro cirúrgico, para que o paciente seja anestesiado com segurança e fique de maneira confortável e sem dor.

A alta hospitalar é no mesmo dia, aproximadamente 3 horas após o procedimento.

É possível realizar Alongamento Ósseo com finalidade estética?

Sim, é possível realizar Alongamento Ósseo para aumento de estatura. Muitas pessoas buscam a cirurgia com essa finalidade. Isso porque a baixa estatura pode ser um grande problema afetando a autoestima e qualidade de vida de algumas pessoas. Se existe um procedimento capaz de solucionar essa questão de forma segura, ele deve ser considerado.

Assim como em qualquer outra cirurgia, é muito importante que o paciente compreenda detalhadamente o processo e saiba os riscos e complicações possíveis para que possa tomar sua decisão embasado em informações concretas.

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