A Fáscia Plantar se localiza na superfície mais baixa do Pé (região plantar), se originando no Osso Calcâneo (face anteromedial da Tuberosidade Posterior) e se prolonga até a base dos dedos (Falanges proximais).

Não. Diversos estudos já demonstraram que não há correlação entre os achados de Esporão de Calcâneo no Raio-x e a dor no Calcanhar.
Shmokler em seus estudos encontrou uma incidência de 13,2% de esporão em 1000 pacientes avaliados, e apenas 5,2% do total dos pacientes com esporão relataram história de dor no calcanhar.
(Shmokler RL, Bravo AA, Lynch FR, et al: A new use of instrumentation in fluoroscopy controlled heel spur surgery, J Am Podiatr Med Assoc 78:194–197, 1988)

Em outro estudo desenvolvido por  Williams, notou que 75% dos pacientes que tinham dor no calcanhar também apresentavem esporão de calcâneo visto no Raio-X. No entanto,  em um segundo grupo de pacientes, esses assintomáticos,  63% também tinham esporão.  Tais números demonstram que não há diferença estatísticas entre os grupos. Ou seja, o esporão de Calcâneo não está mais presente em pacientes com dor no Calcanhar quando comparado com o grupo sem dor. Embora ele possa ocorrer em pessoas com dor, não é considerado a causa. (Williams PL, Smibert JG, Cox R, et al: Imaging study of the painful heel syndrome, Foot Ankle 7:345–349, 1987).

Raio-x de Pé e Tornozelo demonstrando a presença de Esporão de Calcâneo, não sendo ele a causa da dor do paciente em questão.

O paciente que apresenta esta lesão se queixa de dor no Calcanhar principalmente ao acordar ou após longos períodos de repouso. Logo nos primeiros passos, a dor é intensa e aguda. A medida que vai caminhando, o sintoma pode diminuir. 

Manobras de elevação do Tornozelo e dos Dedos podem despertar o sintoma no mesmo local ou ao longo de todo o trajeto da Fáscia Plantar na planta (sola) do Pé.

O primeiro passo da consulta é ouvir as características da dor que o paciente informa. Considerando que a grande maioria deles relata que o problema é pior pela manhã, ao acordar, ou após algum período de repouso, tal informação já nos chama a atenção para a alta possibilidade do diagnóstico.

No exame físico, através da palpação, localizamos o região onde a dor se concentra, fazendo correlação com a anatomia local. Mais frequentemente, isso ocorre no Calcanhar, próximo ao início da Fáscia Plantar.

Ainda examinando, avaliamos se há deformidades no pé que possam estar causando a Fascite Plantar (Pé plano, Pé Cavo, por exemplo), se existe encurtamento do Tendão de Aquiles ou outro fator que contribua para o problema. Outro ponto importante é identificar se existe alguma outra possível causa da dor que possa estar confundindo o diagnóstico. Por isso, pesquisamos: Infecção, alterações na Coluna Lombar, compressão de Nervos periféricos, etc.

O diagnóstico da Fascite Plantar é realizado clinicamente, ou seja, através da história que o paciente conta mais o exame físico. Não é necessário realizar exames complementares de imagem para detectar o problema. No entanto, em algumas ocasiões, podem contribuir para detectar outras causas de dor na região do Calcanhar.

Sendo assim, podemos solicitar Raio-X com carga dos Pés em busca de deformidades e Fratura por stress do Calcâneo, por exemplo.

A Ressonância Magnética pode ajudar ao detectar ruptura da Fáscia Plantar, Tumores e Tendinites.

Na suspeita de alguma lesão ou compressão neurológica periférica, solicitamos a Eletroneuromiografia de Membros Inferiores.

Ressonância Magnética demonstrando edema ao redor da Fáscia Plantar, confirmando o diagnóstico de Fascite plantar.

O objetivo do tratamento é alivio da dor e restabelecimento das funções prévias do paciente acometido.

Como falado previamente, muitos fatores podem causar a Fascite Plantar. Sendo assim, existem diversas opções terapêuticas, indicadas em casos distintos, visando eliminar a causa e combater o processo inflamatório local.

Podemos utilizar: Alongamento do Tendão de Aquiles e da Fáscia Plantar, Órteses noturnas, Adaptações em calçados, Palmilhas, Antiinflamatórios Orais, Infiltração com Corticóide local, Ondas de Choque extracorpória, etc.

Não tente realizar tratamento sem orientação de Ortopedista.