Pé Diabético
O que é Diabetes?
O que pode acontecer ao paciente Diabético?
Os problemas causados nos Sistema Nervoso Periférico e Sistema Vascular Periférico são responsáveis pelos danos no PÉ DIABÉTICO.
— Sistema Nervoso Periférico:
O Paciente com Neuropatia periférica por Diabetes perde a sensibilidade das extremidades, diminuindo tato, sensibilidade à dor e temperatura. Com isso, perde-se um importante mecanismo de defesa do nosso corpo.
Sempre que pisamos em algo pontiagudo, quente, áspero, ou qualquer superfície perigosa, retiramos imediatamente o nosso Pé, impedindo que tenhamos alguma lesão mais grave. Isso ocorre, porque temos sensibilidade em toda a superfície do Pé. Não precisamos olhar para lá para saber que estamos diante de algo que pode provocar uma ferida.
O indivíduo sem sensibilidade, perde esse mecanismo de defesa de retirada do pé. Pode ocorrer, por exemplo, quando uma pequena pedra entra no sapato e a pessoa não percebe. Muitas vezes só descobre ao final do dia, quando retira o calçado e vê que a meia está suja de sangue pela ferida que a pedra causou.
Além disso, devemos considerar que nossos pés e dedos possuem alinhamento adequado porque há equilíbrio entre as forças de todos os músculos ali presentes. Quando o estímulo nervoso está ineficaz e desequilibrado, como ocorre na Neuropatia Periférica pelo Diabetes, algumas deformidades se desenvolvem, favorecendo pontos de maior pressão no solo e no calçado. Nesses locais, podemos ter feridas.
Como ilustrado acima, nos pontos de maior pressão no solo ou no calçado, a pele pode não suportar e abrir feridas.
— Sistema Vascular Periférico
A alta concentração de Glicose na circulação sanguínea provoca dois problemas principais:
1- Obstrução dos vasos sanguíneos, diminuindo o fluxo de sangue para os tecidos Visão do interior da artéria demonstrando o entupimento do vaso pelo espessamento da sua parede (imagem em amarelo). A seta azul evidencia a diminuição do calibre interno da artéria quando comparado ao normal (em verde) e redução do fluxo sanguíneo. |
2- Diminuição da permeabilidade dos Artérias e Arteríolas, impedido que haja troca de substâncias entre o sangue e os células.
As Arteríolas (vasos microscópicos presentes nas extremidades do sistema circulatório), NÃO SÃO IMPERMEÁVEIS, numa condição normal. Isso é importante para permitir que haja fornecimento de Oxigênio e nutrientes aos tecidos e também para coletar o Gás Carbônico e resíduos produzidos pelas células.
No paciente diabético, as Arteríolas vão ficando “impermeáveis”, impedindo que haja essa troca de substâncias, fundamental para a saúde do tecido.
Ou seja, chega pouco sangue porque o vaso sanguíneo está entupido, e o pouco que chega, não atinge o tecido porque a parede do vaso ficou “impermeável”.
— A associação do mal funcionamento dos Sistemas Vascular e Neurológico periféricos contribui para o aparecimento de feridas, dificuldade de cicatrização e surgimento de infecções de difícil tratamento.
O ponto chave é a PREVENÇÃO! Evitar a abertura de feridas é muito mais fácil que o tratamento para cicatrizá-las. Devem fazer parte da rotina de TODOS os pacientes diabéticos:
1- Controle rigoroso da Glicemia (quantidade de açúcar no sangue). Para isso é importante avaliação regular com Endocrinologista, que irá prescrever as medicações necessárias, Nutricionista, para orientar a alimentação, e Educador Físico, para auxiliar nas atividades físicas.
2- Nunca andar descalço.
3- Realize um auto exame do Pé diariamente. Palpe toda a superfície em busca de alterações na textura e temperatura da pele. Visualize áreas de mudanças na colocação, rachaduras ou escoriações. Se tiver dificuldade em alcançar ou visualizar todo o Pé, peça ajuda a alguém. Um espelho também pode auxiliar.
4- Corte as unhas atentamente, não deixando áreas pontiagudas. Se precisar, um Podólogo pode auxiliar nessa tarefa.
5- Use sempre calados confortáveis. Costuras internas podem ser áreas de maior atrito e perigo. Existem fabricantes que se dedicam a produzir calçados especiais para diabéticos.
6- Mantenha a região entre os dedos bem seca. A umidade nesta região pode levar ao surgimento de infecções por Fungo (Micoses) e feridas de difícil tratamento.
7- Óleos e cremes hidratantes são importantes se há ressecamento na pele.
A abordagem da ferida de Pé Diabético é complexa, variando de acordo com a gravidade e localização da lesão. É necessário equipe multidisciplinar para o cuidado dos diversos fatores envolvidos.
- – Enfermagem: Os cuidados locais com a ferida.
- – Ortopedia: Alterações na pisada e deformidades ósseas.
- – Cirurgião Vascular: Fluxo de sangue nas extremidades.
- – Neurologia: Alterações na sensibilidade das extremidades.
Em muitas ocasiões são necessárias internações hospitalares para realização de Antibiótico por via venosa quando houver infecção. Cirurgias para limpeza das feridas e correções de deformidades ósseas e articulares podem ser importantes. Situações graves, podem necessitar de amputação parcial ou total do membro.
O principal benefício da cirurgia percutânea do Pé é a capacidade de realizar as correções das deformidades empregando baixíssima agressão aos tecidos. Sendo necessário apenas pequenos pontos de incisão.
Isso é um grande avanço para a população em geral, uma vez que causa menos dor e acelera a recuperação após a cirurgia. Mas, especialmente no paciente diabético, que tem menor capacidade de cicatrização de pele, quanto menor o corte, melhor será o resultado, diminuindo as complicações pós operatórias.