Pé Diabético

O que é Diabetes?

Diabetes é uma doença crônica caracterizada pela ausência de produção de Insulina ou pela incapacidade das células do corpo de serem estimuladas pela Insulina produzida.

Mas o que é insulina? É um hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. Precisamos desse hormônio para utilizar o açúcar / glicose, que obtemos por meio dos alimentos, como fonte de energia.

Quando a pessoa tem Diabetes, no entanto, o organismo não consegue consumir a glicose adequadamente. O nível de glicose no sangue fica alto –  a famosa hiperglicemia. 

O que pode acontecer ao paciente Diabético? 

A manutenção dessa situação por longos períodos pode levar a sequelas em diversos órgãos e sistemas, principalmente:

  •  – Retinopatia (Olhos)
  • Insuficiência Renal (Rins)
  • Cardiopatia (Coração)
  • Neuropatia Periférica (Nervos)
  • Doença Vascular Periférica (Vasos Sanguíneos)
Por que o Pé pode ser afetado?

Os problemas causados nos Sistema Nervoso Periférico e Sistema Vascular Periférico são responsáveis pelos danos no PÉ DIABÉTICO.

 

— Sistema Nervoso Periférico:

O Paciente com Neuropatia periférica por Diabetes perde a sensibilidade das extremidades, diminuindo tato, sensibilidade à dor e temperatura. Com isso, perde-se um importante mecanismo de defesa do nosso corpo.

Sempre que pisamos em algo pontiagudo, quente, áspero, ou qualquer superfície perigosa, retiramos imediatamente o nosso Pé, impedindo que tenhamos alguma lesão mais grave. Isso ocorre, porque temos sensibilidade em toda a superfície do Pé. Não precisamos olhar para lá para saber que estamos diante de algo que pode provocar uma ferida.

O indivíduo sem sensibilidade, perde esse mecanismo de defesa de retirada do pé. Pode ocorrer, por exemplo, quando uma pequena pedra entra no sapato e a pessoa não percebe. Muitas vezes só descobre ao final do dia, quando retira o calçado e vê que a meia está suja de sangue pela ferida que a pedra causou.

Além disso, devemos considerar que nossos pés e dedos possuem alinhamento adequado porque há equilíbrio entre as forças de todos os músculos ali presentes. Quando o estímulo nervoso está ineficaz e desequilibrado, como ocorre na Neuropatia Periférica pelo Diabetes, algumas deformidades se desenvolvem, favorecendo pontos de maior pressão no solo e no calçado. Nesses locais, podemos ter feridas.

Como ilustrado acima, nos pontos de maior pressão no solo ou no calçado, a pele pode não suportar e abrir feridas.

 

 

— Sistema Vascular Periférico

A alta concentração de Glicose na circulação sanguínea provoca dois problemas principais:

1- Obstrução dos vasos sanguíneos, diminuindo o fluxo de sangue para os tecidos

Visão do interior da artéria demonstrando o entupimento do vaso pelo espessamento da sua parede (imagem em amarelo).

A seta azul evidencia a diminuição do calibre interno da artéria quando comparado ao normal (em verde) e redução do fluxo sanguíneo. 

2- Diminuição da permeabilidade dos Artérias e Arteríolas, impedido que haja troca de substâncias entre o sangue e os células.

As Arteríolas (vasos microscópicos presentes nas extremidades do sistema circulatório), NÃO SÃO IMPERMEÁVEIS, numa condição normal. Isso é importante para permitir que haja fornecimento de Oxigênio e nutrientes aos tecidos e também para coletar o Gás Carbônico e resíduos produzidos pelas células. 

No paciente diabético, as Arteríolas vão ficando “impermeáveis”, impedindo que haja essa troca de substâncias, fundamental para a saúde do tecido.
Ou seja, chega pouco sangue porque o vaso sanguíneo está entupido, e o pouco que chega, não atinge o tecido porque a parede do vaso ficou “impermeável”.

 

— A associação do mal funcionamento dos Sistemas Vascular e Neurológico periféricos contribui para o aparecimento de feridas, dificuldade de cicatrização e surgimento de infecções de difícil tratamento. 

 

 

Como evitar o aparecimento de feridas no PÉ DIABÉTICO?

O ponto chave é a PREVENÇÃO! Evitar a abertura de feridas é muito mais fácil que o tratamento para cicatrizá-las. Devem fazer parte da rotina de TODOS os pacientes diabéticos:

1- Controle rigoroso da Glicemia (quantidade de açúcar no sangue). Para isso é importante avaliação regular com Endocrinologista, que irá prescrever as medicações necessárias, Nutricionista, para orientar a alimentação, e Educador Físico, para auxiliar nas atividades físicas.

2- Nunca andar descalço.

3- Realize um auto exame do Pé diariamente. Palpe toda a superfície em busca de alterações na textura e temperatura da pele. Visualize áreas de mudanças na colocação, rachaduras ou escoriações. Se tiver dificuldade em alcançar ou visualizar todo o Pé, peça ajuda a alguém. Um espelho também pode auxiliar.

4- Corte as unhas atentamente, não deixando áreas pontiagudas. Se precisar, um Podólogo pode auxiliar nessa tarefa.

5- Use sempre calados confortáveis. Costuras internas podem ser áreas de maior atrito e perigo. Existem fabricantes que se dedicam a produzir calçados especiais para diabéticos.

6- Mantenha a região entre os dedos bem seca. A umidade nesta região pode levar ao surgimento de infecções por Fungo (Micoses) e feridas de difícil tratamento.

7- Óleos e cremes hidratantes são importantes se há ressecamento na pele.

 

E se a ferida aparecer, como tratar?

A abordagem da ferida de Pé Diabético é complexa, variando de acordo com a gravidade e localização da lesão. É necessário equipe multidisciplinar para o cuidado dos diversos fatores envolvidos.

  • Enfermagem: Os cuidados locais com a ferida.
  • Ortopedia: Alterações na pisada e deformidades ósseas.
  • Cirurgião Vascular: Fluxo de sangue nas extremidades.
  • Neurologia: Alterações na sensibilidade das extremidades.

Em muitas ocasiões são necessárias internações hospitalares para realização de Antibiótico por via venosa quando houver infecção. Cirurgias para limpeza das feridas e correções de deformidades ósseas e articulares podem ser importantes. Situações graves, podem necessitar de amputação parcial ou total do membro.

 

Qual a importância da Cirurgia Percutânea no tratamento do Pé Diabético?

O principal benefício da cirurgia percutânea do Pé é a capacidade de realizar as correções das deformidades empregando baixíssima agressão aos tecidos. Sendo necessário apenas pequenos pontos de incisão.

Isso é um grande avanço para a população em geral, uma vez que causa menos dor e acelera a recuperação após a cirurgia. Mas, especialmente no paciente diabético, que tem menor capacidade de cicatrização de pele, quanto menor o corte, melhor será o resultado, diminuindo as complicações pós operatórias.

 

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